10 de dez. de 2016

Anatomia

Trago um cigarro de incertezas
Fumaça em forma de agonia
Palavras perdidas
em um riso melancólico
Auto-suficiência de amor
Precedida a pensar

Atrofia em seu coração
Incapaz de incorporar os sentimentos.


Resignação

Haverá de ser apenas um congruente entre nós.
Pela manhã o mundo te chama
Quais indefinições serão definidas?
Tamanha paixão contida em uma xícara de café
Mova suas peças em direção contrária

Xeque-mate!
Fuja do seu amor.



23 de nov. de 2016

A carta.

A partir de hoje irá ouvir seus pensamentos com agudeza.
Irá saber de onde se originam e em qual direção anseiam seguir.

Se vierem da parte frontal e externa soarão como uma sugestão, saiba que provem do vazio, de maya, do Ego. Tem como direção a frustração, insatisfação, o desejo cego, a razão pautada em informações desestruturadas. 
Se desenvolvestes ouvidos sábios na mente captará um clamor um pouco mais profundo e saberás que essa voz, com a qual certamente está a ler isso, parte do centro, do miolo, de olhos capazes de ver o fluxo de informações da primeira camada. Faz-te agora observador e demonstra astucia e/ou insights. Parece mais leve e puro em instancias de consciência.

Mesmo assim ainda falta algo.

Por um momento estamos sentados e logo depois somos guiados a agir. Muitas vezes só nos damos conta disso quando já iniciamos/finalizamos a ação. Quem nunca entrou num ônibus e só depois se perguntou se estava no ônibus certo? Há uma força, um impulso sutil que nos move para determinado destino. Percebe-lo é firmar um tratado de responsabilidade com o TODO.
Aqueles que desfrutam desse sentir, seja por meio de fenômenos de Sincronicidade ou qualquer outro, serão convocados.


ASSDCM




13 de out. de 2016

Abstinência de Luz

Não é esta a sua hora de necessidade?
Você está se voltando para a luz
Descobrindo a verdade
Na escuridão que o conduz

Uma bala em sua cabeça
Contaminada de incerteza
Distorcendo a crença
Que te alimenta

A vida agora é um tormento
Com esse novo sacramento
Se despeça da solidão
E viva essa nova consagração

Mergulhe no silêncio eterno
Aliviando teu inferno interno

Os teus demônios o destrói impiedosamente
Todas as suas imaginações
Ecoando tua alma
Eternamente.




18 de set. de 2016

FILHO DA PUTA

Vejo o caos:
Sociedade doente, nua e transparente
Afogam-se dentro da própria mente
Lamentando tanto a maldade
Como o futuro certo que vem pela frente

Estão alienados, presos
 Pelas cabeças com adereços de antena parabólica
Transmitindo sem parar um programa
Onde todos são heróis e coadjuvantes numa outra historia 

Vejo cães adestrados
Fugindo do que é certo com medo de estarem errados
Fazem a apoteose da sexta feira
Onde o entretenimento enaltece:

b e b i d a s, d r o g a s, s e x o

Gerando mais sofrimento
Subnutrindo nossos espíritos
Parece divertido
Por um momento

Inferno:

É segunda feira,
Leseira,
Café e pão com manteiga,
Ônibus lotado, ressaca, amores opacos 
Sem saber se estão mais tensos ou aliviados 

Aram o terreno fértil que se chama Ilusão
E plantam seus sonhos:

Mais produtos para um mundo fabricado
Onde são artificialmente subjugados 
Para serem o que são

Apesar disso continuo são, 
Afinal carregam em parte sua razão

 Por fim, larguei tudo
Me chamam de vagabundo
por não participar desse esquema de corrupção


12 de set. de 2016

Sincronismo, precognição e paranoia

Há uma linguagem
Em tudo
Ela
deve-se ao nada
Catatonicamente rastreada 

Sou tentado
Uma ridícula cognição dos fatos 
Pressupostos sobrepostos ao passado

Subitamente alterado no espaço
futuro agora é passado

Perdi contato

fui palhaço,
desorientado,
cadarço de amarrar sapato,
suco, 
muco,
piche de asfalto,
estou exausto,
falo,
calo,
abraço
sufocado, 
juntando pedaços
reféns degradados

escolha os fatos,

pois o 'bem' precisa de um advogado.










Escurecer

Uma sombra me contem
Enaltecendo o vazio em mim
Nada pode conter
Essa escuridão sem fim

Inevitável não sentir
Sombras enormes me cercar

Já não sabia mais o que sentia
Mas aquilo mostrava 
O que eu não via:
O vazio consumindo
O que restava de mim

A incerteza é forte
Misturei tudo sem querer
Amor, loucura, morte

È como entrar em meio ao fogo
Só pra derreter
Me entregar
Sem querer

23 de ago. de 2016

M U D A N Ç A

De madrugada
 observo meu bairro em estatua

De manhã
 a estatua se justifica 
em tantos afazeres rotineiros.



16 de jul. de 2016

Coleira dos homens

Acordei fora da Terra
Definhando ao nada
Tudo é explosão
Apenas inércia da ilusão

O ontem parece nunca ter existido
Na iminência do pensamento
Eu precisava apenas de um momento
Para sentir o vento

Preso, vou me libertar
Enquanto eles dormem
Vou te encontrar
Só pra ver o teu olhar

Tu exerce poder sobre minha alma
Mas agora
Minha mente está calma
Já posso ir embora

27 de jun. de 2016

Cientista.

Por pulmões e branquias 
sugam da água e do ar um pouco de vida

Entre o corpo e a natureza 
Há uma barreira finita

 O oxigênio parte 
de onde vinha,

Parte de um mistério 
que sonha em ser vida

Grita:
Parto!

E sem deixar rastro
da a luz
Eis o caminho que me conduz








19 de jun. de 2016

Canícula

Nesse calor fundindo os pés
Desfigurei na ilusão

Meus pedaços vão
Cobrir o chão

Não vai me enxergar
Eu sou fração da miragem

Se sob o sol
Eu sou refém

Da paisagem

Sonho

                                                Em que sonho eu sonho
                                       Meu sonho igual ao teu?    
                                        
                                             Que linha liga 
                                        O teu coração ao meu?    

                                      Em que tronco encontro   
                                  Talhado o meu nome e o teu?

                                     Meu sonho, meu sonho...
 -Apanhador Só

28 de mai. de 2016

Brisa leve

                                              Eu tô cansado do pra lá e pra cá
                                            Eu quero brisa leve
                                            Se a vida é faísca
                                           Que brilhe devagar..

9 de mai. de 2016

Paixão de ônibus

A janela serviu de moldura
Para a luz no olhar a
Procura

Vieste do mar
Vestindo meu ar
Vã imã de olhar

Agora visse? 
e versa 
Atravessando a nostalgia
com versos as pressas  

Presa
Minhas presas
Não encontram lugar
Agarradas ao verbete 
que diz:
Pra sempre vou te amar.


11 de fev. de 2016

Substituição.

Utopia não existe sem mundo.
Mundo não existe sem egoismo
Egoismo não existe quando há falta
Falta não existe quando há você
Você não existe quando há amor.




27 de jan. de 2016

LABORATÓRIO - III

      Tenho por natureza perseguir a morte. Usando minhas botas rusticas, mais antigas que esse caminho que ela -a dona morte - percorre, onde o verde é pálido e as arvores anseiam tocar o céu sem sucesso.
Uma perseguição para muitos insensata, afinal a maioria tem apenas uma vida, mas desgraçadamente sou amaldiçoado a levantar todos os dias de um suicídio.
- Que drama!
Exclama a simplicidade, habitante da paz.
- Distante disso.
O Amaldiçoado trilhando seu caminho apertou um cigarro entre os lábios. Seus olhos furtivos buscavam a sensatez de sua natureza, sua expressão retratava o Panico, que logo como um empurrão, invadiu seu rosto dando-lhe um sorriso sádico:
- Não é drama ter um olho obstinado ao destino e o outro em reformar-se, nada há nisso de comovente ou de teatral, é apenas o que sei da morte.